Colostragem

12 de outubro de 2021

O sucesso na atividade leiteira consiste em analisarmos vários pontos importantes, um deles é a reposição de animais, quando ocorre o descarte voluntário ou involuntário na propriedade. Para a reposição de uma vaca produtora necessitamos que a entrada do próximo animal seja de boa genética e possua uma boa criação desde bezerra. Para garantirmos que tenhamos uma boa vaca, é de extrema importância a correta colostragem quando bezerra.

A colostragem consiste em fornecer uma quantidade adequada de colostro de qualidade nas primeiras horas de vida, podendo ser feita de diferentes métodos, entre eles: usar uma sonda esofágica, mamadeira ou até mesmo a colostragem natural, que consiste em deixar o bezerro mamar o colostro direto da vaca.

Muito importante nos atentar com a quantidade de colostro fornecido nas primeiras horas de vida. Essa quantidade deve ser de 10% do peso vivo do bezerro, para que a absorção de passagem de imunidade seja maximizada.

O bezerro diferente do suíno, não possui passagem de imunidade antes de nascer por via placentária, dependendo então totalmente da colostragem. O colostro materno é rico em proteínas e fonte de anticorpos que protege o animal por uma media de 30 dias, período esse que o bezerro produz sua própria imunidade.

O momento de maior absorção de anticorpos ocorre até 3 horas após o nascimento, momento onde possui a maior taxa de passagem das imunoglobulinas, diminuindo em 6 horas e cessando em 24 horas.

A qualidade do colostro pode ser avaliada através de um COLOSTRÔMETRO, esse nos mostra a qualidade que o colostro possui, pelas quantidades de imunoglobulinas.

O funcionamento deste aparelho consiste na passagem de um feixe de luz, pelo colostro, e conforme a quantidade de luz que transpassa, pode-se interpretar a qualidade do mesmo, um colostro de boa qualidade é aquele que possui acima de 49 Mg/Ml de globulinas, isso garante a passagem de imunidade passiv.

Importante saber que o colostro, diferente do leite que ordenhamos diariamente das vacas, possui diferente concentração de sólidos, possuindo uma quantidade menor de lactose, essa por sua vez, quanto maior, indica maior volume de leite excretado, então a quantidade de colostro produzido sempre vai ser menor que a produção de leite de uma vaca em período de produção para comercialização do leite, possui maior teores de gordura, sólidos totais, minerais e vitaminas e principalmente proteína, por possuir uma quantidade alta de imunoglobulinas ou anticorpos.

Ponto importante para a passagem de anticorpos para o bezerro são as patologias, onde a contaminação do colostro por bactérias, diminuem a taxa de passagem do lumen intestinal pelas células epiteliais.

Isso ocorre pois as bactérias se ligam às imunoglobulinas e sua passagem é diminuída ou até zerada. Devemos tomar muito cuidado quanto a presença de bactérias no colostro não só por dificultar a criação, mas também saber se essas bactérias estão vindo da glândula mamária, podendo ser um grande indicativo de mastite na vaca.

Quando as vacas recém paridas não possuem uma produção de colostro, podemos ter na fazenda um banco de colostro, que são reservas (armazéns) que podem ser criados na propriedade com o objetivo de suprir a necessidade quando não há produção do mesmo.

Esses colostros devem ser guardados congelados, sendo possível analisar toda sua qualidade para garantir um desempenho bom mesmo quando comparado com colostro “fresco”.

Para a escolha do animal doador para o banco de colostro, indicamos que sejam de fêmeas que não possuem mastite, que possuam uma produção maior que a usada para o bezerro, onde sobra e possa ser guardado, assim garantindo sucesso no uso quando necessário.

 

Por fim, destacamos a importância da correta colostragem para sucesso na atividade leiteira, sendo toda a criação desde bezerra até a vida produtiva, dependente da colostragem para maior imunidade e melhor desempenho durante o período.


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