Cigarrinha-do-milho: Veja como identificar, quais são seus danos para o milho, sua relação com a doença enfezamento e os melhores manejos

13 de outubro de 2021

Em meio à diversidade de insetos que causam prejuízos na agricultura, a cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis) é atualmente considerada uma das mais severas pragas na cultura. O problema ocorre por ela succionar a seiva das plantas e transmitir vírus e molicutes do enfezamento do milho. A infestação por Dalbulus maidis vem aumentado em várias regiões do Brasil, fazendo com que a doença que transmite (enfezamentos) também ganhe cada vez mais importância. São observadas perdas de 70% ou mais na produção em campos de milho. Diante desse problema, é necessário entender mais sobre o comportamento do vetor e sua interação com o complexo de enfezamentos do milho para melhorar o seu manejo. E é exatamente isso que veremos aqui. Confira!

Características da cigarrinha-do-milho

A cigarrinha-do-milho (nome científico Dalbulus maidis) pertence à ordem Hemíptera e família Cicadellidae. São insetos de tamanho reduzido, com 0,4 a 0,7cm, de coloração branca a palha e duas manchas pretas na parte dorsal da cabeça. Os indivíduos têm período embrionário de 5 a 10 dias, fase de ninfa de 14 a 16 dias, levando em média 24 dias para chegar à fase adulta. Essa fase apresenta longevidade média de 45 dias, que varia em uma mesma população e com a temperatura ambiente, considerando uma temperatura média de 25° C.

O que a cigarrinha faz com o milho?

Esses insetos provocam injúrias nas plantas de milho pela sucção de seiva, injeção de toxinas e transmissão de fitopatógenos, principalmente aqueles relacionados aos enfezamentos. A cigarrinha se torna transmissora desses fitopatógenos após se alimentar em uma planta infectada. Para isso, o inseto necessita de alguns segundos ou horas de sucção para adquirir e posteriormente transmitir os fitopatógenos a outras plantas de milho. Os sintomas dos enfezamentos são percebidos tardiamente, mas a presença da cigarrinha pode ocorrer desde os primeiros estágios de desenvolvimento do milho.

Os adultos da cigarrinha podem se alimentar de outras plantas da família do milho, mas só se reproduzem em cartuchos de plantas de milho. Na entressafra, as cigarrinhas sobrevivem e se multiplicam em tigueras de milho ou outras lavouras de milho para as quais os adultos se dispersam pelo voo.

Como controlar a cigarrinha do milho?

Por serem doenças vasculares transmitidas por Dalbulus maidis, os enfezamentos são controlados utilizando-se táticas de manejo do inseto vetor. Pode-se usar controle químico e biológico do vetor, rotação de culturas, tratamento de sementes com inseticidas registrados e plantio de cultivares mais tolerantes ao complexo de enfezamentos. Em geral, é desafiante se determinar o nível de dano econômico ou nível de controle para insetos vetores de doenças. Muitas vezes são usadas medidas preventivas contra os vetores para evitar disseminação da doença na lavoura.

Atualmente tem-se iniciado o controle da cigarrinha desde o surgimento dos primeiros indivíduos até o estágio V8-V10 das plantas de milho. Em estágio mais avançado do desenvolvimento da cultura, busca-se também controlar a população da cigarrinha para evitar migração dos adultos para áreas de milho em fase inicial. Procura-se assim se precaver do risco de disseminação se o vetor estiver contaminado com os patógenos.

Controle varietal

O uso de híbridos de milho mais tolerante à cigarrinha e aos enfezamentos é uma ferramenta essencial ao manejo desse problema. Nesse sentido, os esforços de melhoramento genético têm se mostrado eficientes para desenvolver novos híbridos tolerantes ao enfezamento.

Controle Químico

No manejo integrado de pragas, o controle químico é um dos métodos mais utilizados. No entanto, o nível de controle da cigarrinha do milho é difícil de ser descrito, pois o inseto é vetor da doença enfezamento, sendo seus danos econômicos observados mesmo com população pequena. Atualmente há 27 inseticidas registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), a maioria deles à base de neocotinoides, piretróides e organofosforados. São bastante comuns as pulverizações com misturas de produtos à base dessas classes de inseticidas, nas quais se espera uma eficiência de 90% para controle do vetor. Entre os principais ingredientes ativos usados para controle de Dalbulusmaidis estão tiametoxam, imidacloprido, lambda-cialotrina, clotianidina e acefato.

Tratamento de sementes para cigarrinha-do-milho

Produtos à base de inseticidas neonicotinoides, incluindo tiametoxam, imidacloprido, clotianidina tem mostrado eficiência no controle de população do vetor nos estágios iniciais de desenvolvimento do milho. É preciso lembrar que esse período residual de controle deve ser considerado na adequada proteção das plantas e talvez possam ser necessárias medidas complementares de controle da cigarrinha.

Controle biológico

Para o controle biológico da cigarrinha do milho costuma ser usado o fungo entomopatogênicoBeauveriabassiana. Em países como Argentina e México são estudados parasitoides de Dalbulusmaidis, que podem ser divididos em duas categorias: os que parasitam ovos e aqueles que parasitam ninfas e adultos. Os parasitoides de ovos pertencem à família Mymaridae e Trichogrammatidae (Hymenoptera: Chalcidoidea), enquanto os de ninfas e adultos são espécies de Dryinidae (Hymenoptera), Pipunculidae (Diptera) e Strepsiptera. No Brasil foram registrados como parasitoides de ovos, AnagrusbreviphragmaSoyka (Mymaridae) e Oligosita spp. (Trichogrammatidae).

Controle por rotaçãode culturas

Este método pode ser usado para o controle e redução da população de Dalbulusmaidis, pois a cigarrinha é um inseto específico da cultura do milho. Em regiões em que o milho é cultivado somente em uma safra, muitas vezes após a soja, pode haver menor desafio com a cigarrinha do milho, embora outros problemas tais como o ataque de percevejos possam se intensificar.

O que é enfezamento do milho?

A cigarrinha do milho dissemina as seguintes doenças por transmitirem os patógenos associados a elas: virose da risca raiado fino (MRFV, Maize raiado fino vírus), enfezamento pálido (Spiroplasmakunkelli) e enfezamento vermelho (Maizebushystuntphytoplasma). Esses dois últimos patógenos são molicutes, ou seja, bactérias que invadem sistemicamente a planta e se multiplicam nos tecidos vasculares do floema. Os sintomas de enfezamento aparecem na fase reprodutiva das plantas de milho. Entre eles, são comuns as manchas cloróticas avermelhadas e/ou pálidas, a presença de estrias nas folhas, redução de entrenós, espigamento múltiplo, redução do volume radicular. Também pode haver emissão de brotos nas axilas, falha de formação das espigas e má granação.

Por fim, com a compreensão dos danos e comportamento da cigarrinha do milho, vetor dos patógenos dos enfezamentos no milho, dos seus sintomas nas plantas e das formas de manejo do problema, é possível melhor empregá-las essas técnicas em sua propriedade e garantir a produção de sua lavoura.

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